quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Gonzaguinha vive!


De Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. não há muito o que falar: quem não conhece o grande compositor e intérprete brasileiro, filho legítimo do rei do baião?

"Venho de Odaléia uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim" (Gonzaguinha)
A mãe Odaléia morreu cedo, de tuberculose (doença que o próprio Gonzaguinha chegou a ter) e ele foi criado pela Dina, aquela da música:
Diz lá pra Dina que eu volto
Que seu guri não fugiu
Só quis saber como é
Qual é
Perna no mundo sumiu...

"Dina (Leopoldina de Castro Xavier) e Xavier (Henrique Xavier), baiano do violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São Carlos, foram eles que me criaram e por isso eu toco violão". (Gonzaguinha)
Não vou me prender muito em dados biográficos do cantor, já que existe um site com tudo isto: http://www.gonzaguinha.com.br/


Ao fazer este post tinha em mente um propósito bem egoísta: o de  matar a saudade que sinto deste cantor que adoro, o que me leva a me ater mais às partes da biografia que deem chance de utilizar vídeos de suas canções como ilustração. Acho que, assim, atendo melhor ao meu propósito...Dentro desta perspectiva, continuo com o relato:
Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia
 "Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por ser homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado".

(isto em plena ditadura militar,durante o AI5(*)!



 Apesar de ter tido problemas com a censura, esta música fez com que Gonzaguinha saísse de seu quase anonimato.
" Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas!"
"Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava."
Em 1976, gravou o LP Começaria Tudo Outra Vez. O disco, de acordo com o próprio autor, representou a capacidade de voltar ao início da carreira, retomar a espontaneidade perdida e "assumir a coerência de um trabalho que vem se estendendo há muito tempo"

A partir de então, sua carreira foi se sedimentando cada vez mais e, "em toda essa trajetória, Gonzaguinha demonstrou, ao lado de qualidades artísticas indiscutíveis, uma grande coerência de idéias sobre a arte, a vida e a dimensão política do homem".

"É somente através do trabalho da comunidade que nos vamos conseguir realizar alguma coisa, somente o trabalho conjunto e o respeito ao trabalho que vai nos levar aquilo que nos queremos. Uma melhor qualidade de vida. E nos queremos o melhor. É ou não é?" (Show em Exu em 1989).

 No auge de sua carreira, no auge de sua vida, sua voz foi calada por um caminhão que cruzava a pista por onde passava o carro do cantor. Era 29 de abril de 1991,no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de Renascença e Marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.

Sua última entrevista e um resumo de sua vida:



Mas Gonzaguinha está vivo, através de sua obra, maravilhosa, eterna. Termino a postagem com estas imagens que, quando vi pela primeira vez, há anos atrás, chorei de emoção:



 obs: no vídeo, em primeiro plano, Daniel Gonzaga, filho do primeiro casamento de Gonzaguinha e, também, assim como pai e avô, cantor e compositor.

Se você quiser saber mais sobre a vida e obra deste gênio da música brasileira, procure o  livro  "Gonzaguinha e Gonzagão: Uma história brasileira", biografia escrita por Regina Echeverria.
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 Notas da Milu
(*) Ato Institucional n.5, de 13/12/6/, durante o governo do Gen.Costa e Silva, foi a expressão mais refinada da ditadura, dando poderes praticamente absolutos ao regime militar.

Fontes:
www.youtube.com
http://books.google.com.br/
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