Foto: meu acervo particular de livros
Acabo de ler uma novela galega, A Esmorga, escrita por Eduardo Blanco Amor, um galego natural de Ourense/Es, onde é ambientada a novela, só trocando o nome de Ourense para Auria.
A obra está escrita em galego, mas acredito que o leitor brasileiro não terá muita dificuldade em compreende-la, sobretudo se souber espanhol: o galego se parece muito tanto com o português, quanto com o espanhol; no entanto, caso surja alguma dúvida, deixo para o possível leitor o Dicionário Galego-Português, da Real Academia Galega, que espero seja útil.
Adorei a leitura, por isso procurei sua edição digital para compartilha-la neste espaço. Dei sorte: encontrei e posto o link, devidamente testado, funcionando e livre de vírus, a seguir.
A obra está escrita em galego, mas acredito que o leitor brasileiro não terá muita dificuldade em compreende-la, sobretudo se souber espanhol: o galego se parece muito tanto com o português, quanto com o espanhol; no entanto, caso surja alguma dúvida, deixo para o possível leitor o Dicionário Galego-Português, da Real Academia Galega, que espero seja útil.
Adorei a leitura, por isso procurei sua edição digital para compartilha-la neste espaço. Dei sorte: encontrei e posto o link, devidamente testado, funcionando e livre de vírus, a seguir.
A Esmorga teve sua primeira publicação em Buenos Aires, em 1959, onde o autor vivia exilado, em virtude da censura franquista vigente na Espanha, à época.
Trata-se do relato das tragicômicas aventuras de três amigos numa noite de bebedeira, de esmorga: o Cibrán, o Bocas e o Milhomes. Esta esmorga acaba em tragédia. É a metáfora de um mundo sórdido e de miséria,mas cheio de imaginação e fantasia e o desejo de um vida melhor, sempre expresso na narrativa feita pelo Cibrán .
Mais do que o tema, confesso que o estilo do autor me fascinou.
A obra vem dividida em 5 capítulos.
O primeiro Capítulo - a Documentação, nos coloca em contato com um homem que possui os documentos a partir dos quais a história será reconstituída e narrada. Mas os documentos são incompletos. Haverá, ainda, o concurso de testemunhos duvidosos. Este homem não é identificado pelo autor e reaparecerá nos dois últimos capítulos.
No demais capítulos, a narração é colocada na voz de um dos personagens, o Cibrán, em forma de testemunho dos fatos, num espetacular diálogo com o juiz. As falas deste último ficam, apenas, subentendidas, indicadas por um travessão. Cibrán dá a sua versão dos fatos que o levaram, depois de um dia de esmorga, a depor perante o juiz. Aqui cabe um parêntese: eu presumi que a farra dos três tenha durado um dia, mas - em momento algum, o autor faz referência ao tempo de duração do evento. Ele cita o tempo climático, dizendo ser inverno, fala da geada, do frio intenso e de chuva. Ele fala, também, no tempo (período) que ocorreram os fatos: 90 anos antes de sua narração.
É preciso dizer que a primeira parte da estrutura (Documentação), vai também fechar a novela para, sutilmente, nos informar do que aconteceu com Cibrán, já que tudo começou com ele, quando ele, rumo ao trabalho, encontra os outros dois personagens, o Bocas e o Milhomes, vindos de uma farra, de uma esmorga, e se juta a eles, iniciando as aventuras que só chegarão ao fim exatamente diante do juiz.
A obra permeia a temática recorrente do álcool e do amor, passando, também de maneira sutil, pelo homossexualismo. O álcool, acredito, é a própria essência da obra, o que se percebe já pelo título. O amor surge na dor de consciência de Cibrán, pela esmorga, ao pensar em "sua" Raxada e, sutilmente, em lances entre Milhomes e Bocas, em pinceladas de homossexualismo, através do comportamento e jeito efeminado de ser de Milhomes e de sua ligação com Bocas, não tão assumido (ou nada assumido). Cabe, aqui, ressaltar, que Blanco Amor era, ele próprio, homossexual, conforme consta de El Pais, de 27/03/2009:
Trata-se do relato das tragicômicas aventuras de três amigos numa noite de bebedeira, de esmorga: o Cibrán, o Bocas e o Milhomes. Esta esmorga acaba em tragédia. É a metáfora de um mundo sórdido e de miséria,mas cheio de imaginação e fantasia e o desejo de um vida melhor, sempre expresso na narrativa feita pelo Cibrán .
Mais do que o tema, confesso que o estilo do autor me fascinou.
A obra vem dividida em 5 capítulos.
O primeiro Capítulo - a Documentação, nos coloca em contato com um homem que possui os documentos a partir dos quais a história será reconstituída e narrada. Mas os documentos são incompletos. Haverá, ainda, o concurso de testemunhos duvidosos. Este homem não é identificado pelo autor e reaparecerá nos dois últimos capítulos.
No demais capítulos, a narração é colocada na voz de um dos personagens, o Cibrán, em forma de testemunho dos fatos, num espetacular diálogo com o juiz. As falas deste último ficam, apenas, subentendidas, indicadas por um travessão. Cibrán dá a sua versão dos fatos que o levaram, depois de um dia de esmorga, a depor perante o juiz. Aqui cabe um parêntese: eu presumi que a farra dos três tenha durado um dia, mas - em momento algum, o autor faz referência ao tempo de duração do evento. Ele cita o tempo climático, dizendo ser inverno, fala da geada, do frio intenso e de chuva. Ele fala, também, no tempo (período) que ocorreram os fatos: 90 anos antes de sua narração.
É preciso dizer que a primeira parte da estrutura (Documentação), vai também fechar a novela para, sutilmente, nos informar do que aconteceu com Cibrán, já que tudo começou com ele, quando ele, rumo ao trabalho, encontra os outros dois personagens, o Bocas e o Milhomes, vindos de uma farra, de uma esmorga, e se juta a eles, iniciando as aventuras que só chegarão ao fim exatamente diante do juiz.
A obra permeia a temática recorrente do álcool e do amor, passando, também de maneira sutil, pelo homossexualismo. O álcool, acredito, é a própria essência da obra, o que se percebe já pelo título. O amor surge na dor de consciência de Cibrán, pela esmorga, ao pensar em "sua" Raxada e, sutilmente, em lances entre Milhomes e Bocas, em pinceladas de homossexualismo, através do comportamento e jeito efeminado de ser de Milhomes e de sua ligação com Bocas, não tão assumido (ou nada assumido). Cabe, aqui, ressaltar, que Blanco Amor era, ele próprio, homossexual, conforme consta de El Pais, de 27/03/2009:
SOBRE O AUTOR:
Fonte da foto:http://eduardoblancoamor.files.wordpress.com
Eduardo Blanco Amor é um dos principais nomes da prosa galega, sendo mesmoconsiderado um de seus mestres. Foi jornalista, poeta e autor de duas novelas: A Esmorga e Gente Ao Longe.
Para saber um pouco mais sobre o autor, recomendo a visita ao site da BVG - Biblioteca Virtual Galega, a seguir:
http://bvg.udc.es/ficha_autor.jsp?id=edublanc
Não encontrei obras do autor no Brasil, nem em espanhol, nem em galego, muito menos - em português. Meu exemplar foi adquirido em Santiago de Compostela. Fico na torcida para que alguma editora brasileira se interessa por este autor, em particular, e pela literatura galega, em geral. Enquanto isto não acontece, deixo o endereço de uma livraria da Galícia, mais especificamente, de Pontevedra: a Metáfora, que possui vendas online: www.metafora.es/
Fonte: http://rexouba.tumblr.com/