segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Andarilho das Estrelas - Jack London

Apesar de Jack London ser considerado por alguns um "escritor menor"(o que não discuto por puro desconhecimento do conjunto de sua obra), o livro "O Andarilho das Estrelas" é profundamente marcante. Senti como se tivesse levado um soco no estômago enquanto o lia, tamanha a angústia que o personagem passa.

Foi inspirado no relato de um detento da penitenciária de San Quentin, EUA, que utilizava técnicas de auto-hipnose, concentração e domínio da vontade para escapar às torturas tanto físicas quanto psicológicas, enquanto aguardava sua execução. Para isto, recorre `a auto-hipnose, concentração mental e domínio da vontade, chegando a atingir estados alterados de consciência (hoje já estudados cientificamente), deixando de sentir os sofrimentos vividos na penitenciária e despertando memórias de vidas passadas.

Revendo suas existências anteriores, o prisioneiro compreende a lógica que as interliga e o porque de sua atual situação. Eu, que já passei pela experiência da TVP (Terapia Regressiva), me senti particularmente tocada por este romance. Só que o personagem de London vai mais longe do que esta simples mortal:


 "Ao recriar em sua consciência mental e emocional o fio unificador que integra as experiências de suas vidas passadas, o pensamento desse homem aprisionado retoma as ideias e as visões de mundo dos grandes sábios e filósofos que a humanidade já produziu".
Admira o fato de ele ter escrito isto antes do advento da "new age": em 1913( o livro ficou engavetado por 80 longos anos...)

Seu conteúdo é fortemente espiritualizado, sem cair na mesmice da auto-ajuda. Uma verdadeira obra-prima, que, como conseqüência natural de sua leitura, desperta em você reflexões profundas, tanto a nível moral, quanto espiritual, podendo, também, despertar a reflexão social, já que a obra é mesmo

uma metáfora da condição do homem moderno, prisioneiro da camisa de força do sistema, que o obriga a viver uma vida medíocre e destituída de perspectivas".
Deixo o leitor deste post com o próprio London, que escreveu, através de seu personagem:
"a matéria é a grande ilusão. A vida é que é a realidade e o mistério. A vida persiste. A vida é o fio de fogo que persiste através de todas as manifestações da matéria. Eu sei, eu sou a vida. Eu vivi dez mil gerações. Eu, o habitante desses muitos corpos , permaneço. Eu sou a vida. Eu sou a chama inextinguível, sempre a brilhar e a assombrar a face do tempo, sempre a trabalhar minha vontade e a descarregar minhas paixões sobre os agregados terrenos da matéria, chamados corpos que, transitoriamente, habitei. O espírito é a realidade que permanece. Eu sou o Espírito e eu permaneço".

Sobre o autor:


London foi autor, jornalista e ativista social estadunidense, que viveu de 1876 a 1916. Sua vida foi muito interessante, tendo sido ele, na realidade, um pouco de tudo: operário, marinheiro, socialista, presidiário, tendo vivido muito do que escreveu, conforme registra seu biógrafo Alex Kershau, no livro "Jack London - uma vida".

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