Lendo os livros Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, de Beatriz Kushnir e Glória In Excelsior, de Álvaro de Moya, me lembrei da extinta TV Excelsior, canal 9 de São Paulo, que eu tanto gostava de assistir durante meus anos de infância e adolescência. A emissora era de propriedade de Mário Wallace Simonsen, um magnata que nada tinha a ver com comunismo, mas que caiu na desgraça junto aos ditadores (além da Excelsior, Simonsen era dono da famosa Panair e de bancos).
A Excelsior teve que encerrar atividades, o Simonsen perdeu, o povo brasileiro perdeu. Quem lucrou com esta derrocada da emissora? A esta pergunta,vou procurar resposta no livro Maços na gaveta: reflexões sobre mídia que, por sinal, está esgotado, não me restando outra alternativa do que procurá-lo nos sebos.
Meditando sobre os estragos que aqueles anos terríveis (que alguns inconsequentes sonham em trazer de volta) fizeram, tanto para o país, em geral, quanto para a imprensa, em particular, comecei a buscar no Google material mais específico sobre Simonsen e a Excelsior. Na busca, encontrei material que merece ser compartilhado, pois não só recorda um canal que era referência numa época pré-Globo e sua mafiosa hegemonia ("outorgada" pelo regime),como, também, era um canal que sabia fazer jornalismo limpo, sem manobras e golpes. Conforme lembra o jornalista Luiz Carlos Azenha em seu portal Viomundo, "a Excelsior, aliás, foi a única emissora que chamou a “Revolução” dos militares de “golpe". Além de recordar a emissora, este material aborda, ainda, um pouco da história do Brasil em seus momentos mais traumáticos, que espero não se repitam jamais.
Começo pelo post do Luiz Nassif, no Jornal GGN:
Segue um pequeno histórico da Excelsior, bem basiquinho, extraído da Wikipédia:
Deixo, ainda, o livro Glória In Excelsior, de Álvaro de Moyá, primeiro diretor artístico da emissora e que originou este post, mostrando sua ascensão e queda da (formato PDF):
Na oportunidade, não posso deixar de postar sobre o desmonte da Panair, pelas mesmas causas do fechamento da Excelsior, pelos militares. A Panair que era um símbolo nacional, numa época em que o Brasil estava ainda longe de ser um país industrializado.
A companhia área virou "musa"na música "Saudades dos Aviões da Panair", do Milton Nascimento. No link acima o vídeo não está funcionando.
Nos tempos da ditadura, por motivos óbvios, esta música foi gravada por Elis Regina com o nome de "Conversando no Bar":
Mais sobre a Panair, no documentário "Panair do Brasil", completo:
Finalizo com a história da TV Excelsior em vídeo, retratando uma emissora fantástica,"comprometida em fazer uma programação de qualidade, disponibilizando
cultura, reflexão e entretenimento de alto nível". Mas aí a Excelsior acabou, veio a ditadura e, com ela, a era da Globo, e esta qualidade, este compromisso de oferecer entretenimento de alto nível, reflexão e cultura ficou enterrado para sempre, ou até que venha uma Lei dos Meios, a exemplo do que já existe nos principais países dito democráticos.
E, ainda, direto do "Ver TV":
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